SIM, psicólogos estão legalmente respaldados para fechar diagnósticos e utilizar a CID (Classificação Internacional de Doenças).
- Neuropsicológa Aline Vicente
- 24 de fev.
- 3 min de leitura
Por Aline Vicente, Neuropsicóloga

Como neuropsicóloga, muitas vezes recebo perguntas de pacientes e familiares sobre como funciona uma avaliação neuropsicológica, qual o seu propósito e por que ela é tão detalhada. Hoje, quero compartilhar com vocês não apenas o passo a passo desse processo, mas também esclarecer uma questão fundamental: sim, psicólogos estão legalmente respaldados para fechar diagnósticos e utilizar a CID (Classificação Internacional de Doenças). Essa é uma diretriz formal do Conselho Federal de Psicologia (CFP), conforme a Resolução CFP nº 09/2018, que reforça nossa competência para diagnosticar condições como Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno Bipolar, Depressão e outros.
Por Que a Avaliação Neuropsicológica é Tão Detalhada?
Quando um psiquiatra, neuropediatra ou neurologista encaminha um paciente para mim, é porque há uma necessidade de investigação profunda sobre como o cérebro está funcionando em áreas específicas. A neuropsicologia não se limita a observar sintomas isolados: nós mapeamos habilidades cognitivas, emocionais e comportamentais para entender como e por que determinadas dificuldades estão ocorrendo.
O processo exige tempo e cuidado. Por isso, uma avaliação completa geralmente envolve no mínimo 10 consultas, divididas em etapas:
Anamnese detalhada nas primeiras sessões, converso com o paciente e, quando necessário, com familiares ou cuidadores. Coletamos histórico de vida, desenvolvimento, saúde, escolaridade, traços comportamentais e queixas atuais. É aqui que começamos a desenhar hipóteses.
Aplicação de testes validados utilizo: instrumentos reconhecidos cientificamente para avaliar:
Atenção e concentração: Capacidade de focar em tarefas, mesmo com distrações.
Memória: Curto e longo prazo, visual e verbal.
Inteligência e raciocínio: Habilidades lógicas, resolução de problemas.
Praxias: Coordenação motora fina e capacidade de realizar movimentos intencionais.
Linguagem: Compreensão, fluência e expressão.
Funções executivas: Planejamento, organização, controle de impulsos.
Análise Integrativa os resultados dos testes são cruzados com observações clínicas, relatos do paciente e informações de outros profissionais (como laudos médicos). Nenhum dado é analisado isoladamente: o contexto é essencial.
Diagnóstico e devolutiva ao final, elaboro um laudo detalhado com conclusões diagnósticas (usando a CID) e recomendações personalizadas. Esse documento é compartilhado com o paciente e, com sua autorização, com os médicos envolvidos.
Cada Profissional Tem Sua Expertise: Trabalho em Equipe Faz a Diferença
É comum que médicos solicitem uma avaliação neuropsicológica para complementar seu próprio diagnóstico. Por exemplo: um psiquiatra pode suspeitar de TDAH, mas quer entender como as funções executivas do paciente impactam sua rotina. Um neuropediatra pode precisar diferenciar entre atrasos globais de desenvolvimento e características do TEA.
Nesse processo, cada profissional contribui com seu olhar específico:
Médicos avaliam aspectos biológicos, genéticos e prescrevem medicações.
Neuropsicólogos investigam o funcionamento cognitivo e comportamental e atuam na estimulação e/ou reabilitação.
Outros terapeutas (como fonoaudiólogos ou psicopedagogos) atuam em avaliações de suas respectivas areas e nas intervenções, como por exemplo transtornos de linguagem, transtornos de aprendizagem.
O diagnóstico final é construído em consenso, respeitando as evidências de cada área. Isso garante um planejamento terapêutico mais seguro e eficaz.
Por Que Escolher um Profissional Especializado?
A neuropsicologia é uma especialização rigorosa, que exige anos de formação e experiência. Infelizmente, ainda há quem minimize a complexidade desse trabalho, usando testes de forma inadequada ou sugerindo diagnósticos após poucas sessões.
Um profissional qualificado sabe que:
Testes não são "receita de bolo": Eles devem ser selecionados conforme a demanda individual.
O tempo é aliado: Pressa aumenta o risco de erros.
A ética é inegociável: Sigilo, consentimento e atualização científica são pilares da prática.
Conclusão: Diagnóstico Não É Um "Rótulo", É Um Caminho
Quando fechamos um diagnóstico como TEA, TDAH ou Transtorno Bipolar, não estamos apenas "dando um nome" às dificuldades. Estamos traçando um mapa para intervenções que podem transformar vidas seja através de terapia cognitiva, adaptações escolares, medicamentos ou apoio familiar.
Por isso, reforço: procure profissionais que valorizem a profundidade da avaliação, respeitem as normativas do CFP e trabalhem em parceria com outras áreas. Seu cérebro merece esse cuidado.
Se você tem dúvidas sobre avaliação neuropsicológica ou busca orientação, estou à disposição para ajudar. Entre em contato pelo site ou redes sociais.
Aline Vicente Neuropsicóloga | CRP X12/20020
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